Crítica: "Bom Dia, Verônica" (Netflix)

Segunda temporada repete erros da primeira parte com enredo simplista e previsível. Reynaldo Gianecchini e Camila Márdila se destacam. Foto: Divulgação.

Um sopro de novidade nacional em meio ao "mundarél" de produções americanas na Netflix. Foi assim que, há dois anos, recebemos "Bom Dia, Verônica", série da Netflix criada por Raphael Montes e Ilana Casoy, a partir do livro ficcional escrito pela dupla.

A primeira temporada, arrebatadora, tinha alguns problemas na estrutura do roteiro que parecem ter sido replicados neste segundo ano, com uma trama ainda mais previsível do que a anterior. 

Após fingir a própria morte para proteger a sua família, Verônica (Tainá Müller) parte para a vingança, tentando desmantelar a "máfia" que acabou com a carreira do seu pai e a sua. É neste momento que ela cruza com Matias Carneiro (Reynaldo Gianecchini), um líder religioso que usa de seu poder para abusar sexualmente de mulheres (incluindo sua filha e a esposa, interpretada brilhantemente por Camila Márdila). 

Gianecchini, inclusive, é um dos destaques desta nova temporada, com uma intepretação firme e sombria. Aliás, os intépretes dos vilões da série foram muito bem escolhidos, tanto Eduardo Moscovis, o Brandão, da primeira parte, quanto Gianecchini, estão assustadores em seus papéis manipuladores.

E é aí que também mora o problema de "Bom Dia, Verônica": a similaridade dos temas (o abuso de mulheres) faz com que o roteiro, por diversas vezes, traga similaridades e a previsibilidade que já era problema na primeira temporada.

Ainda que a direção de José Henrique Fonseca ("Mandrake", "Romance Policial: Espinosa") seja bem conduzida, há diversos momentos em que as cenas e os diálogos parecem ter saído de novelas mexicanas. Constrangedor.

E os furos no roteiro? Diversas situações que sequer são explicadas. Personagens que surgem e desaparecem de uma hora para outra.

Na metade dos seis episódios, assim como aconteceu na primeira temporada, já dá para sabermos o desfecho da história. Mas o final, amigos, ah, o final é um triplo twist carpado de fazer enrubecer os autores dos piores folhetins da TV mexicana. Uma forçação de barra extrema interliga os vilões - e deixa espaço para uma terceira temporada, claro. 

O saldo é mais negativo do que positivo, e "Bom Dia, Verônica" perde a chance de preencher a lacuna de bons thrillers policiais. Uma pena.

Abaixo o trailer da segunda temporada da série.